Com uma sonoridade única e repleta de diversas referências, que passam pelo rock, pop, hip hop, reggae, Twenty One Pilots só foi atingir o tal do mainstream com o quarto disco de estúdio, intitulado Blurryface, lançado há cerca de 10 anos, em 17 de maio de 2015.
Com 14 faixas, esse trabalho foi o segundo após o duo — formado por Tyler Joseph, vocalista e integrante fundador, e Josh Dun, baterista que entrou na banda pouco antes do segundo álbum, Regional at Best (2011) — assinar com a gravadora Fueled by Ramen, que pertence à Warner Music Group.
Caminhando pelo underground da música indie e alternativa dos Estados Unidos, Twenty One Pilots construiu a própria identidade, com músicas que conquistaram uma legião de fãs fieis e letras que abordam saúde mental.
Além disso, ao longo dos anos, a banda desenvolveu uma narrativa complexa com bispos-vilões que simbolizam suas inseguranças, criaturas míticas (estou falando de você, Ned) que representam a criatividade, e rebeldes que funcionam como analogias a amigos, fãs, entes queridos e perseverança.
Como praticamente todo artista/banda, Twenty One Pilots tem o disco disruptivo, o favorito dos fãs, o considerado "obra-prima", o experimental, o amador e aquele que reconecta o grupo com aquilo que deu certo.
No entanto, a jornada artística da banda tem um tempero diferente: Joseph e Dun não possuem uma fórmula musical. Cada álbum tem seu próprio tom, mas nenhuma das faixas soa reciclada.
Então, abaixo, veja o ranking dos sete álbuns de estúdio do Twenty One Pilots, do pior ao melhor, segundo Rolling Stone Brasil:
(*) Coincidentemente, a banda anunciou o oitavo disco da carreira, intitulado Breach, no mesmo dia no qual esta matéria foi concluída. Qual será a posição que o novo trabalho ocupará no ranking da banda? Só o tempo nos dirá.
7º lugar: Scaled and Icy (2021)

Se os discos de estúdio do Twenty One Pilots tinham grande aceitação dentro da base de fãs, além de receberem boas críticas de jornalistas musicais, Scaled and Icy foi o primeiro trabalho da banda a ser divisivo, tanto entre o público quanto entre a crítica especializada.
Na verdade, este é um disco competente, no qual o duo explora uma sonoridade mais pop. No entanto, não tem aquele toque de novidade ou até mesmo esquisitice que ouvimos nos trabalhos anteriores da banda. "Shy Away", "The Outside" e "Mulberry Street" são ótimas músicas que são figurinhas repetidas no repertório dos shows.
Porém, parece que nem mesmo o Twenty One Pilots é tão fã assim do colorido e upbeat de Scaled and Icy. "Meio que desejando nunca ter feito 'Saturday'", canta Tyler em "Backslide", música de Clancy (2024) sobre o medo de repetir velhos hábitos e sensação de sufocamento.
6º lugar: Regional at Best (2011)

Tecnicamente é o pior álbum do Twenty One Pilots? Sim, mas Regional at Best tem aquele ar nostálgico, dos perrengues que a banda passava como independente, além de algumas joias na discografia da banda, como "Lovely", "Glowing Eyes", "Forest" e "Kitchen Sink".
Porém, os recursos mais escassos da época resultaram em algumas faixas mais pobres sonoramente, como "Guns For Hands", "Ode To Sleep", "Car Radio", "House of Gold", "Holding on to You" e "Trees", que mais tarde seriam regravadas — e se tornariam clássicos da banda — em Vessel, primeiro disco feito pelo grupo após assinar com gravadora.
Embora o disco seja queridinho entre os fãs mais fiéis do Twenty One Pilots, Tyler Joseph não o aprecia tanto, e até disse que ele tecnicamente não existe. Em live feita para comemorar os 10 anos de Vessel, ele citou que "sempre foi estranho conversar sobre o álbum Regional at Best". Já Josh Dun complementou: "O ponto de lançar essas músicas era para termos algo para tocar ao vivo. Na época, decidimos: 'Vamos juntar algo, então podemos fazer shows'. Não era um álbum gravado profissionalmente".
"Para dar um contexto, o primeiro disco que Josh e eu lançamos era independente, o autointitulado [lançado em 2009]. Quando digo 'independente': gravar 14 músicas no seu estúdio caseiro e falar 'é isso aí! Vamos pagar alguma empresa para fazer os CDs e as pessoas comprarem'. Lançar isso de forma independente era praticamente isso", relembrou o vocalista. "Então, gravamos mais músicas e decidimos lançar Regional at Best. Nesta época, assinamos com a gravadora Fueled By Ramen".
Tyler Joseph telling us why twenty one pilots told Fueled By Ramen "no" when they asked if they wanted to remaster and officially release Regional at Best pic.twitter.com/CtnOaU5Els
— ❘❘❘ ❙ ❚❙ 〓 〓 New Era New☡ (@New_Era_News) January 11, 2023
Apesar de toda essa história complexa, a banda toca algumas das músicas "perdidas" de Regional at Best nos shows ao vivo, em uma parte de medley das canções antigas. Inclusive, isso aconteceu no Brasil, onde cantaram "Addict With a Pen", "Migraine", "Forest" e "Fall Away".
5º lugar: Clancy (2024)

Após lançar o diferentão Scaled and Icy, Twenty One Pilots fez uma recalculada de rota para se reencontrar. A sonoridade nos remete ao auge da banda nas épocas (ou melhor, eras) de Blurryface e Trench.
A faixa de abertura, "Overcompensate", é a melhor música que inicia um álbum da banda e supera, por pouco, "Heavydirtysoul". O que ouvimos nas seguintes faixas mostra o grupo no auge: o punk de "Next Semester", o rap melancólico de "Backslide", o pop rock explosivo de "Midwest Indigo", o synth-pop soturno de "Routines In The Night" e os falsetes desesperados de "Vignette". Essa primeira metade é impactante.
No entanto, Clancy perde a força a partir de "The Craving (Jenna's version)" e passa por uma certa crise de identidade e sonoridade, embora "Navigating" seja um verdadeiro hino.
Felizmente, este tem sido um verdadeiro sucesso comercial para Twenty One Pilots: a audiência nas plataformas de streaming superou as expectativas. Além disso, a turnê do álbum bateu alguns recordes de público para a banda, que tocou para 65 mil pessoas no Estádio GNP Seguros, na Cidade do México, capital do México.
4º lugar: Vessel (2013)

Um dos grandes acertos de Vessel foram as regravações de músicas presentes em Regional at Best, que se tornaram faixas emblemáticas e marcam presença nos shows da banda até hoje, como "Car Radio", "Holding on to You", "Guns for Hands" e "Trees".
As 12 músicas possuem um tom muito específico do Twenty One Pilots naquele momento, com letras que trazem reflexões sobre sanidade e retratam um Tyler Joseph jovem, cheio de inseguranças e um tanto quanto pessimista.
Vessel foi um grande acerto da banda, que logo no primeiro trabalho com gravadora mostrou todo o potencial, que se confirmaria no projeto seguinte, Blurryface.
3º lugar: Twenty One Pilots (2009)

O disco mais sombrio da discografia do Twenty One Pilots resistiu muito bem ao teste do tempo e figura com tranquilidade no pódio dos melhores álbuns da banda. Nas 14 músicas, Tyler, com uma voz jovem e inocente, debatesuas próprias questões com a fé e saúde mental com uma sonoridade sóbria. O autointitulado é uma verdadeira ópera gótica.
"Ele finge que está bem / Mas você deveria ver / Oh, ele na cama, tarde da noite / Ele está petrificado /Leve-me para fora e acabe com esse desperdício de vida", canta Tyler.
Por mais que o álbum não seja mais referenciado pelo grupo nos novos lançamentos ou turnês, músicas como "Fall Away", "The Pantaloon", "Addict With A Pen" e "Taxi Cab" são clássicos imutáveis na carreira da banda.
2º lugar: Blurryface (2015)

O disco de estúdio que lançou Twenty One Pilots para o mundo teria que estar em uma posição alta neste ranking, certo? Mas não pelo grande sucesso comercial ("Stressed Out" e "Ride" possuem cerca de 2 bilhões de reproduções no Spotify), porque o álbum é muito bem resolvido sonora e liricamente.
Blurryface é o projeto mais emo da banda de Tyler Joseph e Josh Dun. Aqui, eles fazem um pedido dramático por salvação ("Heavydirtysoul"), debatem e rebatem as próprias inseguranças ("Fairly Local"), fazem uma declaração de amor inusitada ("Tear in My Heart") e relembram das origens como se fossem um local sombrio ("Hometown"), entre outras faixas.
A sonoridade usa e abusa de sintetizadores que acompanham a bateria intensa de Dun, sempre um destaque na discografia da banda. Além disso, o LP apresenta pela primeira vez a complexa narrativa, que seria explorada pelos próximos 10 anos, trazendo mais personalidade e profundidade para as letras.
1º lugar: Trench (2018)

A grande obra-prima do Twenty One Pilots é Trench, no qual a banda conseguiu se superar em todos os aspectos. As músicas são uma mistura de rock em suas diferentes formas — do alternativo ao indie —, além de synth-pop e hip hop.
O começo do álbum é frenético, logo após a épica abertura de "Jumpsuit", uma transição nos transporta diretamente para as rimas rápidas de "Levitate". Todos os elementos que o grupo domina estão ainda mais refinados em Trench, como a estruturação das letras de Joseph, os ritmos da bateria de Dun e a flutuação entre os mais diversos gêneros musicais.
Se começa com toda essa energia, Trench termina mais pé no chão, falando sobre questões emocionais, bloqueio criativo e a relação com os fãs. Twenty One Pilots ainda tem muito chão para trilhar na música, mas enfrentará muitos desafios para entregar um trabalho tão coeso que reverbere tanto.
our new full length album Breach will be here in september.
— twenty one pilots (@twentyonepilots) May 21, 2025
the first song, The Contract, comes out june 12th.
hello Clancy
hello Blurryface
let’s finish this
|-/ pic.twitter.com/JxYy3KzLoa
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